Por Anderson Nascimento
Em seu vigésimo terceiro álbum, Djavan se entrega às composições que divagam sobre o amor. E o mais belo dos sentimentos é retratado nesse disco de várias formas: o amor jovial, o amor maduro, o amor de mãe e o amor de viver.
A linda abertura do disco “Vidas Pra Contar” não podia ser melhor, com a canção “Vida Nordestina”. A faixa com levada nordestina, em uma espécie de Xote, tem letra que alude sobre a cultura e as diversões do povo do Sertão, mesmo em meio a todas as dificuldades das questões do dia-a-dia.
A boa “Só Pra Ser o Sol” transmite uma pesada sensação de Dejà Vú, em uma levada que remete a diversos momentos da discografia recente do Djavan, principalmente após a revitalização de seu som a partir de “Bicho Solto” (1998).
Já “Encontrar-te” segue um pouco da linha de “Ária”, com uma fina pegada jazzística. O mesmo ocorre na deliciosa “Primazia”, ambas representam a parte mais sofisticada do disco, herança óbvia de seus últimos trabalhos.
Apesar de a temática amor estar presente em praticamente todo o álbum, as canções estão mais direcionadas para a leveza de pegadas mais pops, em detrimento à melancolia. Ainda assim, o disco apresenta tais momentos na romântica “Não É Um Bolero”, uma das melhores do disco, e de sua sequência, “O Tal do Amor”, que também se destaca.
As faixas mais gingadas são sempre as melhores do disco. Esse é o caso de “Aridez”, que fala explicitamente de amor, porém oxigenando o álbum com o seu balanço, e de “Se Não Vira Jazz”, canção de ode ao amor e à vida.
Após a biográfica “Dona do Horizonte”, canção sobre um outro tipo de amor, o de mãe, o disco encerra com a bonita “Ânsia de Viver”, que apresenta um particular desbunde instrumental.
O resultado é um disco que consegue soar romântico, despojado e fino. Um trabalho que faz jus ao legado discográfico do Djavan, e que, dessa forma, vai agradar aos seus fãs com os mais diferenciados níveis de exigência.