Por Anderson Nascimento
Saía há vinte e seis anos em LP pela RCA a coletânea “O Carnaval de Beth Carvalho e Martinho da Vila” aproveitando o mote da data festiva que para o Brasil. O disco traz uma série de canções extraídas de álbuns de carreira da Madrinha do Samba Beth Carvalho e do Martinho da Vila.
Apesar de o nome do disco sugerir um álbum em parceria, na verdade trata-se mesmo de uma coletânea com canções carnavalescas, incluindo sambas, marchinhas e sambas-enredo, com faixas onde se revezam músicas de Beth e Martinho.
O disco abre com um Pot-Pourri com diversas marchinhas de salão, interpretadas por Beth Carvalho, incluindo composições de Lamartine Babo, Chiquinha Gonzaga, Noel Rosa, Heitor dos Prazeres, Caetano Veloso, e canções de domínio público, praticamente todas fortemente impregnadas no inconsciente coletivo. Uma boa forma de abrir o disco.
Na sequência, Martinho da Vila resgata “Os Cinco Bailes da História do Rio” (Silas de Oliveira, Dona Ivone Lara, Bacalhau), samba-enredo do Império Serrano de 1965. Beth retoma a sua vez no álbum com o clássico “Caciqueando” (Noca da Portela), uma espécie de hino do Cacique de Ramos.
Martinho da Vila emenda outro samba-enredo, “Quatro Séculos de Modas e Costumes” (Martinho da Vila), Samba defendido pela Vila Isabel no Carnaval de 1968, e Beth encerra o Lado A do antigo LP com outro clássico de seu repertório “Coisinha do Pai” (Jorge Aragão, Almir Guinéto, Luiz Carlos da Vila).
O lado B abre com “Tribo dos Carajás” (Martinho da Vila), Samba incluído no álbum “Canta Canta Minha Gente” (1974) de Martinho da Vila. A seguir, o Samba “A Chuva Cai” (Argemiro, Casquinha) sucesso de Beth extraído do disco “Sentimento Brasileiro” (1980).
A seguir é pinçado outro Samba do Império Serrano, “Aquarela Brasileira” (Silas de Oliveira), desta vez do ano de 1964, da mesma forma mais um Pot-Pourri se segue com a sambista Beth Carvalho, emendando as canções “Tristeza” (Haroldo Lobo, Niltinho Tristeza), “Madureira Chorou” (Carvalhinho, Júlio Monteiro), “Barracão” (Luiz Antônio, Oldemar Magalhães) e “Firme e Forte” (Efson, Nei Lopes).
O disco encerra da mesma forma como começou, ou seja, com uma grande compilação de Sambas de salão com quase 13 minutos de duração, desta vez com Martinho da Vila, em canção lançada originalmente em seu disco “Terreiro Sala e Salão” (1979).
Com dez faixas em 46 minutos de duração e produzido pelo maestro Rildo Hora, o álbum é uma boa dica para animar churrascos, festas e afins no carnaval de cada folião, e deve ser tocado de cabo a rabo, sem moderação.