Por Valdir Junior
Com o estrondoso e avassalador sucesso do seu segundo álbum “21” de 2011, a cantora inglesa Adele entrou em recesso para, entre outras coisas, cuidar do filho recém-nascido e pensar em sua carreira dentro do mundo da música. Num tempo como esse em que vivemos, onde estar em evidência é tudo, essa “ausência” da mídia somada ao contínuo sucesso de “21” criaram uma expectativa enorme em torno do próximo trabalho de Adele.
Depois de alguns boatos, finalmente Adele anuncia “25”, mais um álbum, como os anteriores, onde o título se refere a idade da cantora quando da composição do mesmo. Já de início, com apenas o vídeo da canção “Hello” liberado, e que teve recorde de acessos no youtube, a expectativa só se fez crescer, com álbum disparando na sua pré-venda.
“25” traz onze faixas produzidas em separado por oito produtores, entre eles Danger Mouse, Paul Epworth, Greg Kurstin e Mark Ronson , todas faixas são de Adele em parceria com vários parceiros como Bruno Mars, Paul Epworth, Max Martin e Shellback. Como o álbum anterior, os temas das músicas giram em torno de relações pessoais e paixões, mas aqui as letras são um pouco menos viscerais.
A voz de Adele continua poderosa com muito Soul e capaz de prender a atenção do ouvinte do começo ao fim, mas, o grande calcanhar de Aquiles de “25” é a qualidade das músicas. Com uma expectativa enorme e a pressão para que “25” tivesse o mesmo resultando, em vendas, do álbum anterior, fizeram com que todos os envolvidos, optassem por musicalmente entregar mais do mesmo, o que infelizmente comprometeu o resultado final de “25”.
Das onze musicas de “25” apenas cinco delas conseguem se justificar por si mesmas, mesmo assim sem muita novidade. São elas: "Sweetest Devotion", "When We Were Young", a melhor de todas, "Water Under the Bridge",” Send My Love (To Your New Lover)” e “Hello”, as demais acabam sendo faixas arrastadas, meros carbonos de muita coisa que nós já ouvimos no álbum anterior, e se não fosse a Adele que as estivesse as interpretando, com certeza cairiam fácil em esquecimento.
Diante das vendagens, já bem representativas, que “25” tem conseguido, o público está tão afoito para escutar algo novo na voz de Adele, que talvez só venha a perceber mais tarde o quanto o álbum está bem abaixo dos discos anteriores da cantora. “25” funcionaria melhor como um EP, aplacando assim esse desejo, tanto de público como da indústria da música, esse desejo de ouvir algo novo da cantora e dando mais tempo para a cantora trabalhar e se arriscar em músicas mais fortes e que a representassem melhor.
Adele é uma das maiores cantoras dentro da musica pop, já provou seu potencial como compositora e cantora, mas tem que avançar mais em seu caminho, o tempo que o mundo ficou esperando “O Novo da Adele” e não a esqueceu, é prova definitiva das qualidades da cantora.
É uma pena que ele acabe entregando um trabalho assim tão morno. Para o futuro espera-se que ela se arrisque mais, para que não acabe se tornando uma cópia de si mesma, que “25” feche essa trilogia de canções emocionais e predominantemente pessoais e ela se atire, sem medo e sem pressão, na direção de fazer o melhor da sua arte.