Por Anderson Nascimento
“Janelas” é o segundo álbum da banda Pink Big Balls (ou apenas PBB), uma rapaziada que vem de Itapeva, interior de São Paulo. Formada em 2005, a banda conta com João Arantes nos vocais, Rodolfo Braga e Lucas Silva nas guitarras, Thalles Macedo no baixo e Jefferson Vinicius comandando a bateria, que juntos apresentam um som contemporâneo, embora haja resquícios de Rock vintage inglês e Jovem Guarda, que podem ser percebidos ao longo de todo o álbum.
Já na abertura a banda exibe uma forte coesão entre letra e música em “Tardes Preguiçosas”, canção que fará despertar a sensibilidade até nos mais calejados da vida, por mais insensíveis que pareçam ser: “É a nossa geração que anda tão antiquada, parece que deixamos o amor em casa...”.
“Queridinha” é o exemplo perfeito do que foi citado no fim do primeiro parágrafo, já que na faixa a banda revela o apreço pela Jovem Guarda, sem perder a mão da sonoridade moderna. Já em “Cachos”, a banda faz lembrar o Soul setentista em um incrível suingado que remete a Jorge Ben Jor.
A banda também defende arranjos complexos e viajantes, como ocorre na balada “Ver Pra Crer”. Outra característica marcante do grupo é a forma desestruturada como os versos são colocadas em algumas canções, o que soa bastante original. Uma das faixas onde fica claro esse aspecto é em “Meus Sentimentos”, que elegantemente evoca o brega dos anos setenta.
A atitude roqueira da banda percorre inapelavelmente quase todo o disco, mesmo em faixas mais românticas, e a inventividade do grupo aparece em faixas como “PBB F.C.”, onde temos gritos de torcida emulando um jogo de futebol. Mas esse não é o único efeito fora do comum no disco, em outros momentos temos finais repentinos, como na já citada “Meus Sentimentos”, côros inesperados ou improváveis como em “Augusta”, e momentos como esses ajudam o álbum a ganhar o merecido status de surpreendente.
Aos poucos a banda vai firmando uma identidade, principalmente pra quem está descobrindo o trabalho dela a partir deste álbum. Em “Hey Hey Hey”, faixa que cita a célebre frase “Você é responsável por aquilo que cativa”, do livro “O Pequeno Príncipe”, o já citado coro também rola e acaba se caracterizando como uma das marcas do grupo.
O disco é autoral, onde as canções são escritas pelos integrantes do grupo, o que é outro ponto a favor da banda. Dessa forma, a pungência e a verdade caminham lado-a-lado no decorrer do disco, como por exemplo em canções como “Onde Encontrei”, onde o alinhamento fora do esquadro é exatamente o grande charme da música, nunca a frase “Eu te amo” foi tão bem colocada em um disco de Rock.
O disco fecha com a faixa título “Janelas”, onde fica impossível não elogiar o desempenho vocal emocionado de João Arantes que, aliás, o faz muito bem ao longo de todo o disco.
Com uma cama sonora perfeita e composições certeiras, a banda apresenta um álbum delicioso, que pode ser considerado um dos melhores discos independentes desse primeiro semestre de 2014.