Por Anderson Nascimento
A banda Álgida tem tudo para causar um arregalar de olhos em quem segurar a capa de “Dias Cinzas” nas mãos. O invólucro lembra uma revista em quadrinhos dessas bacanas que você encontra nas melhores livrarias. As páginas, impressas em papel luxuosíssimo, possuem desenhos fantásticos feitos pela produtora própria “Submundo”, que ilustram e acompanham as letras das músicas, fato que casa com um antigo costume dos mais velhos, de curtir a obra como uma sensação áudio-visual, como nos áureos tempos do vinil.
Formada em 2005 em Caxias do Sul, o grupo tem como influência bandas que formaram a cena pós-punk inglês como “The Cure”, ”Bauhaus”, “Joy Division” e “The Sisters of Mercy”, algo que pode ser percebido já no início de “Seus Braços”, faixa que abre o disco, ou ainda na faixa título do álbum, “Dias Cinzas”, que transborda influências dessa linha melódica.
O estilo da banda paira em uma atmosfera sombria, o que casa perfeitamente com canções como “Delírio”, “Flores do Mundo” e “Onda do Fim”, sendo esta última repleta de efeitos que faz da canção uma das melhores faixas do álbum. Na verdade a maioria das canções do álbum obedece a esse rigor musical, que banhadas de um rico instrumental cheio de programações, teclados e bateria marcial (em vários momentos), dá à obra um sabor especial.
O Rock mais pesado também tem espaço no álbum, na instrumental “Photon”, por exemplo, temos uma destruição em massa tal qual revela o encarte do CD. Tal fato também ocorre, entre outros momentos, em “Vazio”, canção empolgante e garageira.
“Dias Cinzas” é um álbum inquieto, psíquico, às vezes perturbador, mas que aponta para uma direção sólida tal qual pulsa o instrumental de “Amanhecer”, que encerra a saga do álbum. Instrumental irrepreensível, letras líricas, e conceito bem azeitado, essa mistura de sensações é o que o ouvinte pode esperar ao ouvir esse álbum.