Por Anderson Nascimento
Cercado de polêmicas que levantaram dúvidas sobre se a voz de alguns dos fonogramas que compõem o primeiro álbum póstumo de Michael Jackson era, de fato, dele mesmo, “Michael”, primeiro de uma série de CDs póstumos que serão lançados pela Sony Music, surpreende positivamente.
Álbuns póstumos servem para muitas coisas, entre elas, suprir a necessidade dos fãs em ouvir algo inédito de seus artistas prediletos que já “partiram dessa pra melhor”, secar a fonte de dinheiro do pessoal que ganha dinheiro com bootlegs, ou apresentar dignamente material de qualidade engavetado pelas gravadoras ou detentores dos direitos dos artistas. No caso desse álbum, ficamos prioritariamente com a terceira opção.
“Michael” é um álbum honesto com músicas que trazem as participações de gente como “Lenny Kravitz”, “Akon” e “50 Cent”, em uma produção que beira o que Michael Jackson vinha fazendo nos bastidores após o hiato que compreendeu o seu último disco “Invincible” de 2001 e a preparação para a sua nunca realizada turnê “This is It”.
Boa parte das canções é originária de sessões de gravação realizadas em New Jersey em 2007, e estas estão entre as melhoras canções do disco. Nesse quadro se encaixa “Hollywood Tonight”, canção escrita no início da década, mas que teve a sua gravação retomada por Michael em 2007, com instrumental moderno e empolgante. “Monster, que conta com a participação especial do rapper “50 Cent”, é outra faixa dessa época, apesar de ser até certo ponto boba, ela consegue divertir, como muitas vezes Michael fazia em seus discos.
“Keep Your Head Up” é uma bonita balada que carrega uma letra forte, daquelas que o cantor costumava fazer, e que certamente em bem pouco tempo servirá de trilha sonora televisiva para ilustrar temas relacionados à superação e auto-ajuda. Ainda no ramo das baladas estão “Best of Joy”, bela balada com uma batida que Lembra os anos 80, e uma das últimas canções feitas por Michael, e que estava sendo preparada para entrar na turnê que ele faria em 2009, e “Much Too Soon”, balada curta da época do clássico “Thriller” que fecha, em clima melancólico, o disco.
Recheado de bons momentos, o novo Cd de Michael Jackson tem dois momentos, porém, que merecem todos os holofotes. São eles o primeiro single “Hold My Hand”, gravado com o rapper Akon, e que foi muito apropriadamente escolhido como primeiro single por ser uma das músicas mais bacanas do ano de 2010, e “Breaking News”, de letra cortante e ácida, de onde Michael faz uma crítica em terceira pessoa às pressões e assédio da mídia sobre ele mesmo: um espetáculo de música!
“I Cant Make It) Another Day”, escrita por Lenny Kravitz e que tem a adição a bateria de Dave Grohl é uma faixa com uma pegada roqueira incrível, trazendo um solo alucinante de guitarra e recheada de gritinhos do cantor.
Das dez canções, “(I Like) The Way You Love me” é a única canção que já havia aparecido em outro disco do cantor, mas aqui ela está em versão produzida, bem diferente da demo conhecida pelo público.
Em momento algum a produção do disco escorrega, mantendo uma impressionante integridade ao álbum, que efetivamente beira a algo próximo ao que o “Rei do Pop” precisamente faria se tivesse tido tempo de lançar mais um disco.
Acredito que dificilmente os próximos álbuns póstumos de Michael manterão o padrão de qualidade tão alto como esse “Michael” o faz. Grata surpresa e grande presente para todos aqueles que curtem a obra do talentoso e insuperável Michael Jackson.