Por Anderson Nascimento
Considerado como pai da Bossa Nova, Johnny Alf foi músico, compositor e cantor, que influenciou artistas como João Gilberto e Tom Jobim, deixando como legado uma incontável quantidade de composições que foram marcantes para a música, sobretudo para a Bossa Nova.
Algumas dessas canções podem ser ouvidas neste novo disco do saxofonista Mauro Senise que releu canções maravilhosas como “O que é Amar” e “Ilusão à Toa”, linda música que batiza o disco e ganha uma interpretação de primeira.
Sempre bem acompanhado, Mauro reuniu um baita time neste disco, incluindo nomes como Gilson Perazzetta, Cristóvão Bastos, Raul Mascarenhas, Mingo Araújo e Zeca Assumpção, dentre outros .
Aos 70 anos de idade completados em 18 de maio, Mauro é um verdadeiro defensor da música brasileira de qualidade, já gravou e lançou dezenas de discos com releituras de obras de artistas do naipe de Noel Rosa, Edu Lobo e Gilberto Gil.
A escolha do repertório galardeou doze canções de Alf, a grande maioria composições solo, excetuando-se “Disa” (Johnny Alf, Maurício Eihorn) e “Olhos Negros” (Johnny Alf, Ronaldo Bastos). O disco também trouxe “Melodia Sentimental” (Heitor Villa-Lobos), única canção não composta por Alf.
Um dos momentos emocionantes do álbum é ver, ou melhor, ouvir, João Senise, filho de Mauro e grande cantor da nova geração, interpretar “Eu e a Brisa” (Johnny Alf), um dos maiores sucessos de Johnny, composta para o III Festival da Record em 1967. A responsabilidade foi ainda maior, pois este é o único momento vocal do disco.
No fim do disco, há uma espécie de faixa bônus, a já citada “Melodia Sentimental”, que traz o próprio homenageado do álbum, cantando e tocando piano em um fonograma original. Mauro o acompanha em uma dobradinha póstuma com uma flauta em sol e inserções do Prelúdio nº 3 de Mestre Villa.
Mauro Senise nos brinda com mais um lindo trabalho, reverente, respeitoso, mas também com o seu DNA impresso ao longo de todo o álbum.
Johnny Alf faleceu aos 80 anos, no ano de 2010, mas a sua obra pode ser experimentada através de seus discos, e também de trabalhos refinados como este. Não há como finalizar este texto sem agradecer ao artista por mais esse petardo. Obrigado Mauro!