Por Anderson Nascimento
Artista influente na cena alternativa baiana, Irmão Carlos lançou recentemente o seu primeiro álbum solo, autointitulado, que resume em dez faixas um pouco do que a sua inquietude musical pode produzir.
Com mistura azeitada de sonoridades como Funk, Soul e eletrônica, em sua maior parte, o disco é uma grande viagem que consegue facilmente chamar a atenção do ouvinte, que precisa estar atento para a proposta musical desse trabalho.
O disco inicia com “W Raimundo”, faixa de letra interessante, convidando o ouvinte logo na sequência para entrar no groove de “Me Engasguei Outra Vez no Jantar”, faixa que traz como convidado Alexandre Tosto (Scambo), até chegar ao bailão setentista de “Eu Sei do Movimento”, faixa com batidão funk.
O disco se sai bem em sua maior parte, com destaques para canções como o Rock de levada bluseira “E Quando Eu Acordar”, que traz a participação de Eric Assmar, e forma um arquétipo que vai te fazer lembrar o Raul Seixas, saudoso conterrâneo do artista.
Procurando bem, o disco chega a navegar até a ritmos não imaginados para este álbum, como por exemplo, a Jovem Guarda escondida por trás do Soul “Seu Lugar” ou da engenhosa “Engrenagem da Ilusão”.
Às vezes o artista sai do planeta para viagens como “Acordei de Novo” ou corrobora a sua vontade de sair do chão em “Flutuar é uma Vontade”: “Flutuar é uma vontade que eu tenho, mas o peso que eu tenho não deixa...”.
Repleto de efeitos, texturas e ambientações, Irmão Carlos se mostra bastante talentoso e criativo ao longo do seu primeiro disco solo. Boa pedida, principalmente para quem sente falta de ousadia no cenário musical atual.