Por Anderson Nascimento
Músico e compositor nascido em Pernambuco, mas atualmente morador do Rio de Janeiro, Tito Marcelo chega ao seu terceiro disco apresentando a sua atual fase musical condensada em 11 faixas que destacam temas como carinho, amor, conquistas, perdas, além de outros como ficção e a questão racial.
Tito chama a atenção desde o início do disco por sua voz suave, afinada, e com um timbre diferente, aproximando-se do canto de cantores como Felipe Catto. Dividido conceitualmente em Lado A e B, como em um LP, as canções trazem um som arejado e até malemolente, como o caso de “Andei Fechado”, uma das melhores canções do álbum, que acaba também responsável por abrir o disco.
A faixa seguinte, “A Cor de Sermos Nós”, apresenta uma batida eletrônica que remete aos anos 1980, bem como a sua sequência “Segredos”, canção que tem um brando balanço Soul com algo de Quincy Jones, chegando a lembrar a levada da clássica “The Secret Garden”, canção lançada no fim dos 80s.
Dentre as canções que compõem o chamado “Lado B”, destacam-se o sambinha deflagrado pelo pandeiro de Marcos Suzano, nada menos do que um dos maiores percussionistas deste país.
“Depois de Tudo” é outra canção que merece destaque no disco. De melodia leve e melancolia profunda, a canção lembra as poucas baladas incrustadas na última trilogia lançada por Caetano Veloso.
Há ainda o Reggae de cunho sociopolítico, que estabelece questionamentos a respeito de temas como igualdade e liberdade. A faixa seguinte “Bombai” encerra o disco em ritmo mais pesado sob canção que traz o verso que batizou o disco.
No fim temos um trabalho com a ótima produção de André Vasconcellos, que agrega diversos músicos competentes (o trompetista Jessé Sadoc, o baterista João Viana , o guitarrista Torcuato Mariano e o já citado percussionista Marcos Suzano) e letras diversificadas, mas que conseguem se alinhar com o conceito central do disco. Trata-se de um belo disco que tem tudo para aumentar ainda mais o séquito de seguidores do trabalho deste talentoso artista.