Por Fabio Cavalcanti
Que o Motley Crue foi uma das bandas mais marcantes do cenário 'glam rock' nos anos 80, todo mundo com um mínimo de conhecimento sobre o estilo já sabe. E foi com "Girls, Girls, Girls" (1987), que a banda se mostrou uma ótima banda de hard rock, por explorar sua vertente mais rock 'n' roll, depois dos seus 3 primeiros álbuns terem mostrado seu lado mais agressivo e melódico puxado para o heavy metal.
Há quem pense que o estilo mais "alto astral", pouco variado e irreverente desse álbum faz com que este não deva ser levado tão a sério quanto os outros da banda (ou mesmo do hard rock). Mas, até essas pessoas não podem negar que tal momento irreverente veio em ótima hora, de modo que se estendeu um pouco mais até seu álbum seguinte, o excelente "Dr. Feelgood". Coincidência ou não, a fase mais decadente da banda se iniciou logo em seguida, quando tentaram fazer um som bem mais sério e experimental.
O álbum abre em grande estilo com "Wild Side", um ótimo rock de arena que se divide entre um trecho suingado e outro de blues pesado. Até hoje uma das músicas mais criativas da banda, e até do 'glam rock'. Em seguida, a faixa-título "Girls, Girls, Girls" mostra para que este álbum veio. Se tornou um dos maiores sucessos da banda e um grande "hino farofa" (e isso não é uma coisa ruim!).
Seguindo o estilo da música "Girls...", ainda temos as ótimas "Five Years Dead" e "Sumthin' For Nothin'", mantendo o alto astral em alta. O lado mais "blueseiro" não poderia ficar de fora, e está presente na faixa "Bad Boy Boogie".
E para quem acha que o estilo clássico melódico do Motley Crue foi abandonado de vez neste disco, vai se surpreender com "Dancing On Glass", faixa pesada que lembra facilmente os álbuns anteriores.
Bem, a essa altura da resenha, os roqueiros mais sensíveis devem estar ansiosos para conhecer o lado mais "light" do álbum. A grande balada do disco é a bela "You're All I Need", que obviamente se tornou um dos singles do álbum, como manda a "lei do sucesso hard rock no cenário pop". Além dela, temos "Nona", uma balada-vinheta instrumental dispensável. Satisfeitos? Voltemos ao rock 'n' roll então...
Trazendo influências diretas do rock 'n' roll clássico, temos "All In The Name Of..." e "Jailhouse Rock". Esta última é um cover ao vivo bem criativo do grande clássico do Elvis, que fecha o álbum com chave de ouro, fazendo o ouvinte se sentir como se tivesse ouvido todas as músicas do álbum em um grande show de hard rock.