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CRÍTICA: GUNS N ROSES - ENGENHÃO (RJ) 15/11/16


Postado em 16/11/2016

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Não há tantos grupos de Rock atualmente capazes de proporcionar um envolvimento tão grande à cidade como o Guns N Roses. Quando eu falo em envolvimento me refiro à participação das autoridades públicas do setor de segurança, transporte, trânsito e, sobretudo, ao deslocamento de fãs do grupo, não só da cidade sede, mas também de várias partes do país.

O feriado de 15 de novembro foi assim no Rio de Janeiro. Desde muito cedo, cerca de cinco horas antes do show, os fãs da banda de Axl já se aglomeravam em grupos nos bares ao redor do estádio do Botafogo F.R., popularmente conhecido como Engenhão, para beber, papear e aguardar a hora de (re)ver o novamente um show do grupo, tudo isso regado aos sucessos do grupo que se seguiam alto a partir daquelas indefectíveis maquininhas de música presente em muitos bares.

Enquanto as ruas de todo o entorno do estádio estavam fechadas, as pessoas caminhavam adornadas com camisas, bandanas e bandeiras que estampavam símbolos ligados à mitologia da banda. Parecia que tínhamos viajado no tempo, nem parecia que se tratava de um grupo já tão antigo e tão combalido por brigas e escândalos, nem mesmo que se tratava de um grupo que já não produz material relevante, dedicando-se há anos apenas em reler o seu passado. Enquanto grupos formados mais recentemente não teriam quórum para realizar seus shows em estádios, o Guns N Roses conseguiu tirar muita gente de casa no feriado, levando-os a ter uma ótima noite ao som de uma banda afinada, entrosada, esforçada e icônica.

Axl Rose inclusive devia a realização de um bom show para os cariocas, já que as duas últimas passagens do grupo por aqui não agradaram tanto. O vocalista do grupo, inclusive, não repetiu erros que resultaram sonoras vaias no passado. Axl falou muito pouco com o público, praticamente se limitou a apresentar a banda, não exibiu no telão nenhuma imagem ou vídeo que pudesse inflamar negativamente os presentes, nem foi arrogante.

Dono da banda, Axl foi muito democrático, fato que pesou muito ao seu favor. A turnê “Not in This Lifetime” pedia isso, afinal de contas, o grande mote para o show era a reunião de uma formação muito próxima da clássica, contando com Slash, Duff McKagan e Dizzy Reed, além de, claro, Axl. Cada membro teve o seu momento no show. Slash foi um guitarrista incansável, teve vários sets instrumentais, como o já conhecido “The Godfather Theme” e “Wish You Were Here” (Pink Floyd). Duff teve o privilégio de abrir o show cantando “Its So Easy”, foi muito utilizado como vocal de apoio, e teve diversos momentos de destaque que rememoravam os tempos idos. Já Axl se esgoleou ao longo de quase três horas de show, o que se viu dessa maratona foi muito esforço, e um desempenho muito melhor do que em anos recentes.

Dentre os outros músicos o baterista Frank Ferrer, na banda desde 2006, é um músico sério e de pegada firme. O ótimo Richard Fortus, no Guns desde 2001, se destacou por duelar com Slash em alguns dos grandes solos da noite. Melissa Reese, tecladista tímida, mas competente, entrou na banda este ano em substituição ao Chris Pitman.

A banda preteriu os grandes clássicos no início do show, deixando os petardos mais para o fim da apresentação. Ainda assim o grupo desfilou no início do show canções como a já citada “Its So Easy”; “Welcome To The Jungle”; “Estranged”, talvez o primeiro grande momento da noite; e a (literalmente) explosiva “Live And Let Die”.

Os grandes clássicos foram aparecendo aos poucos, até que “You Could Be Mine”, “Civil War”, “Sweet Child O Mine”, “Yesterdays” (em grande execução!), “November Rain” e “Knockin On Heavend Door” começaram a estrelar o set list. Aliás “Knockin On Heavend Door”, sucesso do disco “Use Your Illusion II” (1991), foi o único momento em que Axl “jogou o microfone” para o público cantar junto, sendo correspondido imediatamente.

Com o jogo ganho, a banda voltou para o bis com “Dont Cry”, “The Seeker” (canção do The Who) e “Paradise City”, que encerrou o show sob explosões que simulavam tiros, fogos, e muita chuva de papel picado. O público já sinalizara o sucesso do show cantando todas as canções, e iluminando o estádio com os seus celulares nos momentos mais ternos.

Sobre o repertório, evidentemente ficaram de fora canções de sucesso do grupo como “Patience”, “Used To Love Her”, “So Fine”, “Since I Dont Have You”, dentre outras. Mas a banda surpreendeu com a inclusão de canções de um dos clássicos do The Who no bis.

Prestes a comemorar 30 anos desde o lançamento de “Appetitte For Destruction”,seu primeiro álbum, o Guns N Roses se redime com o Rio de Janeiro e faz um show daqueles que estampa um sorriso no rosto e no coração de seus fãs e daqueles que sentem falta da grandiosidade de bandas capazes de movimentar toda uma cidade, só pelo fato de elas estarem ali, querendo tocar um pouquinho de sua música.

Set List:

1 - Its So Easy
2 - Mr. Brownstone
3 - Chinese Democracy
4 - Welcome to the Jungle
5 - Double Talkin Jive
6 - Better
7 - Estranged
8 - Live and Let Die
9 - Rocket Queen
10 - Out Ta Get Me
11 - You Could Be Mine
12 - Attitude
13 - This I Love
14 - Civil War
15 - Coma
16 - The Godfather Theme
17 - Sweet Child O Mine
18 - Yesterdays
19 - Wish You Were Here
20 - Layla / November Rain
21 - Knockin on Heavens Door
22 - Nightrain
23 - Dont Cry
24 - The Seeker
25 - Paradise City







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