(Foto: Rafael Arbex)
A madrugada de sexta para sábado (18 e 19/09) finalizou o primeiro dia da sexta edição brasileira do Rock in Rio, com a banda “Queen + Adam Lambert”, com o mote de festejar os 30 anos do festival.
Uma sem tamanha discussão acerca da legitimidade do show assolou a internet e redes sociais, provocando ferrenhos discursos contra ou a favor do grupo, sendo a assertiva mais popular a de que “não existe Queen sem Freddie Mercury”. A frase faz todo sentindo, mas será que é mesmo dessa forma que esse show deveria ser avaliado?
Uma questão importante nisso tudo é a de que o Queen desde a morte de seu vocalista tem se articulado para manter a obra da banda viva e itinerante. Nos anos 1990 surgiu o conceito do “Queen +”, que nada mais era que os integrantes originais do Queen com outro cantor nos vocais. A iniciativa foi utilizada (com sucesso) para o show Tributo à Freddie Mercury, onde passaram pelos vocais, entre outros, David Bowie, Roger Daltrey, Robert Plant, Elton John e George Michael, este último, conta-se, foi inclusive cotado para assumir o vocal do grupo em sua primeira encarnação pós-Freddie.
Após um longo hiato, finalmente o grupo confirmou na década seguinte o veterano e competente Paul Rodgers (Free, Bad Company) nos vocais do banda, o que levou a gravação de dois DVDs e um disco de inéditas. Após quatro anos de parceria, a banda passou a contar com Adam Lambert, artista que ganhou fama após a participação do reality show “American Idol”, e que contou com a admiração de May e Taylor, o que foi suficiente para que ele pudesse assumir os vocais do grupo.
Daí fica claro que a iniciativa “Queen +” não é nova, muito menos apelativa em prol apenas de grana, quiçá do Rock In Rio. Não acho nenhum demérito para a história do grupo essa formação e, consequentemente os seus shows, como li por aí diversas vezes ontem. Pelo contrário, acho legítimo que 2/4 da banda original, que participou ativamente da concepção dos discos e canções originais, esteja no palco celebrando aquelas grandes músicas que, se não fossem por eles, não seriam mais tocadas ao vivo para grandes públicos.
Sobre o espalhafatoso Adam Lambert, particularmente prefiro o Paul Rodgers nos vocais, mas exageros à parte, o jovem cantor mostrou talento e provou ser um artista de verdade. Imagina o que é se apresentar para 85 mil pessoas que praticamente não o conhecia direito, e mais, estar diante da difícil missão de interpretar canções históricas do Queen, e ainda agradar o público? Definitivamente não é para qualquer um.
Comum encontrar também nas discussões pessoas dizendo que o show seria melhor com um cover do Freddie Mercury nos vocais, como Marc Martel do Queen Extravaganza, ou ainda Pablo Padín “God Save the Queen”, ora, isso sim seria demérito, e ainda seria de um mau gosto sem tamanho ter alguém no palco imitando Freddie Mercury. É melhor que esse papel fique para os artistas e bandas covers.
Ver Brian May chamando a responsabilidade de reverenciar o momento “Love of My Life” foi único, bem como assistir Roger Taylor nos vocais e a memória de Mercury nos telões. May, por outro lado exagerou no tempo de seu solo de guitarra, mais conciso, Taylor fez um duelo de bateria bacana com o seu filho Rufus Taylor. Cada um desses momentos, no entanto, só se materializou graças à iniciativa de dois caras que gostam do que fazem e que têm orgulho de seu passado. São essas recompensas que de fato fazem valer reuniões como esta.
O show teve um repertório bem escolhido e agradou aos fãs, abrindo com “One Vision” e fechando com “We Are The Champions” e, a contar pelas reações da massa presente, o show foi aprovado pela grande maioria, que deve ter saído da Cidade do Rock bastante satisfeita.
Tecnicamente falando, algumas canções careceram de punch, talvez pelo estilo mais Pop de Lambert, por outro lado, em canções como “One Vision” ou “Stone Cold Crazy”, essa pegada transbordou. A emoção também teve vez em diversos momentos, tomando conta especialmente em canções como “Don’t Stop Me Now” e “Save Me”.
Em suma o “Queen + Adam Lambert” cumpriu as expectativas e, dentro da proposta da noite, se saiu muito bem, já que conseguiu entreter, reverenciar e, até, emocionar.