Após colocar em catálogo álbuns de artistas como Xangô da Mangueira, Candeia, Elza Soares, Beth Carvalho e Mano Décio da Viola, em caprichadas e inéditas edições em CD, o Selo Discobertas continua o seu trabalho de resgate de artistas de vários estilos, entre eles o Samba, com três discos do grupo “Os Partideiros do Plá”, seminal grupo de pagode surgido no início dos anos 70.
Os discos refletem a atmosfera daquela época, inclusive com gravações em estéreo. Importante também perceber como o Samba nessa época caminhava em direção ao pagode através da simplificação de alguns arranjos e do formato Partido Alto, muito presente nas canções do grupo.
O primeiro álbum “Na Cucuruca do Samba” (1972) traz deliciosos Sambas como “Nó Na Cana” (Ary do Cavaco), “Minha Verdade” (Noel Rosa de Olibeira, Hayblan) e “Mandei Amolar a Enchada” (Jorge Teté, Laelso da Cuíca), Samba que reverencia artistas como Martinho da Vila, Padeirinho, Jujuca, Candeia e Xangô da Mangueira, tudo isso regado a um instrumental de arrepiar os cabelos daqueles que gostam do ritmo mais brasileiro de todos. Impressiona também a interpretação de Sambas como “A Baiana Deu Sinal” (Roque do Plá, Edson Menezes), feita de forma marota e peculiar.
Já no álbum “Os Partideiros do Plá Metem Bronca” (1973), estão as gemas “Tem Capoeira” (Batista da Mangueira), Samba de exaltação à Mangueira, e o clássico “É Melhor Pingar do que Secar” (Jorge Costa), além de vários Sambas com temas relacionados à cultura afro e sincretismo religioso. Interessante também perceber o uso da palavra “Pagode” batizando a faixa de mesmo nome escrita por Roque do Plá e Edson Menezes.
O terceiro disco “Cobras Criadas” (1973) conta com uma série de bons Partidos Alto como a faixa de abertura “Cara de Pau” (Gracia, Roberto Nunes) e a sua sequência “Farinha na Cuia” (Teixeira, Jorge Tete). A cultura popular e a superstição também aparecem em temas como "Cobra Criada Não Leva Sugestão" (Edson Menezes, Edson Paiva) e na faixa de encerramento "Soltaram os Bichos" (Baiano do Cabral, Frank).
O Samba apresentado nesses discos traz um importante e valioso momento de um ritmo que dominaria o país pouco tempo depois, através de artistas como Martinho da Vila, Paulinho da Viola, João Nogueira e Beth Carvalho, entre outros.