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VOCÊ DÁ CHANCE AO NOVO?


Postado em 21/01/2016

VOCÊ DÁ CHANCE AO NOVO? WIDTH=
Por Anderson Nascimento

São recorrentes as lamúrias dos apreciadores de música quanto a falta de novidades no cenário musical, e quando o assunto é Rock, a coisa ainda fica pior. Com os grandes ídolos do gênero passando (ou não) da casa dos setenta anos, volta e meia somo surpreendidos pela morte de artistas que ouvimos desde sempre.

É fato que esses ídolos não serão substituídos, gente como Lennon, Elvis, Freddy Mercury, Michael Jackson, Raul Seixas e Renato Russo, só para citar alguns que já se foram, jamais terão equivalentes, seja por conta de sua ideologia, voz, relevância no contexto musical, social, ou apenas pela importância icônica que cada um teve para a sua geração.

Mas convenhamos que é fácil, muito fácil, apenas reclamar e consumir musicalmente apenas o que já conhecemos. É claro que não é tarefa trivial correr atrás de algo, quando sequer sabemos o que estamos procurando, principalmente por conta da escassa oferta de veículos de informações que estejam realmente imbuídos em servir como um norteador ou referência nesse quesito. Mas ficar procurando um culpado por essa situação não resolve o problema, porque para quem se interessa em conhecer novos artistas e novas músicas, a situação atual do cenário musical acaba sendo prazerosa, e como diz sabiamente o ditado popular: quem procura, acha.

Mesmo com a pouca oferta da mídia, ainda há alguns programas em rádio, podcasts, sites, blogs, revistas e TV que ainda se preocupam em amparar a demanda reprimida por novidades. Mas se formos mais críticos, contabilizaremos fatos assustadores. Quanto às rádios, seus poucos programas que apresentam as novidades estão em horários pouco convidativos; na imprensa escrita, há cada vez menos espaço para uma crítica independente estampar novos nomes; já em mídias digitais o espaço é mais democrático, mas falta constância e, na maioria das vezes, audiência; por fim, nas poucas opções oferecidas pela TV fechada (claro que não vou citar a TV aberta, né?), há irregularidades quanto ao horário e formato que um programa deste tipo deveria possuir.

Semanalmente eu ouço a lista personalizada que o Spotify disponibiliza para os seus usuários. Há poucos dias rolou a música “She’s a Rainbow” da banda australiana Gunns. Eu não conhecia o grupo, mas gostei da música e fui atrás de mais informações. Eles são relativamente novos, ainda não possuem nem verbete no Wikipedia, e lançaram apenas singles por enquanto, então devo lhes dizer que, embora bem interessante, o som deles não é nada além do que já ouvimos antes. Esse é apenas um exemplo de como deixo a música me atingir.

Como editor do GM, eu posso me considerar um sortudo, já que, além de eu procurar as novidades através de velhos veículos como rádio, TV e revistas, e mais novos como streaming e toda a sorte de mídias digitais, as novidades também chegam até os meus ouvidos via correios e e-mail, através de artistas, gravadoras, assessorias de imprensa, e até fãs de novos artistas. Dessa forma, desde que comecei a escrever sobre música, há mais de 10 anos, já ouvi centenas de novos trabalhos de vários estilos, do Heavy Metal ao Samba, algo maravilhoso para quem (quase) não tem restrição em relação a estilo musical, e devo dizer que acabei virando fã de vários destes novos artistas.

Então essa é a questão, dar chance ao novo, para que estes possam coexistir em nossa discoteca com os nossos velhos artistas preferidos. Reparem que não se trata (e nem se deve tratar) de comparação, mas sim de aumentar o leque de vozes, músicos, ideologias, e discos em nossos tocadores de música. Há uma boa quantidade de artistas competentes, músicos incríveis e discos estupendos, no Brasil e fora dele, para serem descobertos, e é lamentável que a grande mídia continue a eclipsar com a sua benquista enorme massa cinza esses novos tantos talentos.

Por outro lado, é aprazível saber que mesmo com tantas dificuldades, os artistas têm se servido das facilidades proporcionadas pela tecnologia, para construir artesanalmente o seu público e caminhar, ainda que devagar, em busca de um maior reconhecimento.

É preciso então reclamar menos e dar a oportunidade para que novos artistas possam te oferecer um pouco do seu trabalho para, quem sabe, te conquistar. A verdade é que não tem outro jeito, quem efetivamente quer descobrir novos artistas precisa ligar o radar em busca de novidades, obviamente filtrando o que efetivamente lhe agrada. É tarefa árdua, eu sei, mas não podemos nos esquecer de que para que tenhamos novas opções sonoras além das que já amamos, o mais importante é, sem dúvida, dar chance ao novo.





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