Artista do Mês - 05/2010
GAMETAS Conheça o Artista
- GAMETAS
2010
Por Anderson Nascimento
Embebido até o talo em uma sonoridade que remete à Jovem Guarda, Glam Rock dos anos setenta e Punk Rock dos anos noventa, a banda é uma das maiores surpresas do ano. Com um conjunto de boas melodias, composições e atitudes, a banda surpreende e lança um olhar de esperança ao nosso Rock.
Suas canções são recheadas de temas inusitados, e são tão originais que a banda já consegue ganhar uma identidade, mesmo com tão pouco tempo de lançamento de seu álbum de estréia. Nessa linha, músicas como “Ela fala com espíritos” (baixe a canção aqui no Galeria), e “Os Brinquedos Eróticos de Madame Surrey” são belos exemplos do linguajar com o qual a banda distribui as suas doze canções.
Um dos pontos fundamentais para que o bom-humor das letras, e os apelos sexuais, não tornem as canções banais, é a qualidade das composições que, mesmo nos momentos mais exóticos como “Sua Vagina é Cheirosa (Mas a Sua Alma Fede)”, encontramos um propósito que faz com que, com o olhar perdido, você diga “não é que eles tem razão!?”.
Quem ouvir o álbum pela primeira vez vai se encantar com a qualidade da produção do disco, trabalho de Fábio Brasil, batera dos Detonautas, e de Roberto Lly, ex- Herva Doce, com efeitos que fazem com que canções como “Monstro!”, tornem-se momentos ainda mais especiais.
E nessa linha vem também “Cida Suicida”, impreterivelmente uma canção de melodia romântica, que junto com o sarcasmo de “Transas Virtuais”, são os momentos mais calmos do disco.
Falando em momentos calmos, as canções que remetem mais à Jovem Guarda, como “Carne de 2ª”, uma espécie de encontro inusitado entre Roberto Carlos e Raul Seixas e “Terno Moderno”, mostram que a banda possui talento para construir canções que remetem às suas próprias influências, sem que isso possa parecer uma mera cópia, ou que bata aquele ranço de Dèjá Vu.
Ainda sobre referências, o disco ainda rende uma pegada oitentista em “Matrimônio”, chegando a lembrar a banda “Talking Heads”, já em “Sua Vagina é Cheirosa (Mas a Sua Alma Fede)”, temos um Rock na linha do punk do Green Day, em uma das canções mais fortes do disco. A banda ainda circula pelos anos noventa, com “Fora de Mim”, canção que encerra o álbum, em um momento em que podemos visualizar a platéia batendo cabeça nos shows da banda.
A banda Gametas acertou em cheio em seu álbum de estréia, mostrando que existem no underground do Rio de Janeiro, opções ao cenário extremamente pop ao qual estamos vivenciando. Nesse sentido, temos uma rapaziada que já está dando o que falar, e certamente, vai encantar muita gente por aí que anda incrédula no nosso Rock.
Você poderá ganhar um kit com cd e camiseta da banda Gametas, participando da nossa promoção aqui.
SUPERSÔNICO
2012
Por Anderson Nascimento
Em seu primeiro álbum a banda surpreendeu a todos com canções que incluíam letras diretas, que vagavam entre a seriedade e a pura diversão, e musicalmente a banda se situava entre ritmos como Jovem Guarda, Glam e Punk. Nesse novo álbum, as letras continuam carregando o DNA dos Gametas, enquanto o som está mais para o Rock dos anos oitenta, incluindo nessa linha o pós-Punk, e entre as exceções está “Menina Popular”, que volta a evocar a Jovem Guarda.
Em “Supersônico” a banda reaparece com mesma linha pesada e roqueira que já é comum em seu som, com temáticas que trafegam entre o erotismo bizarro de “Vampiro Pornô” e da pseudoinocente “A Garota do Ginásio”, ao terror da ótima “Boa Noite, Almas Penadas” e da pesada “Menino Lobisomem”.
A grande surpresa do disco é “TMDA (Toque Mágico do Amor)”, cara, Paradise escrevendo uma canção de amor!? Eu juro que tentei encontrar alguma sacanagem na letra, mas só encontrei uma puta de uma música foda!
A criatividade da banda em criar músicas tão peculiares é o fator mais bacana dos Gametas. Um exemplo disso é “Teu Namorado é Gay”, faixa que mistura elementos oitentistas com o sarcasmo escancarado dos Raimundos nos anos noventa.
Já a faixa título “Supersônico” é uma ode às figuras emblemáticas do Rock – são citados Bob Marley, Led Zeppelin, Janis Joplin e Jefferson Airplane -, em uma canção de letra inteligente e reflexiva.
Reafirmando a influência dos Ramones em seu som, a banda ainda presta uma homenagem ao grupo com “Beth Cemitério”, versão para o clássico “Pet Sematary”, lançada pela banda americana em 1989.
Enquanto “Dublê de Rockstar” tem a atmosfera mascarada do Kiss, “Eu Quero Que Você Morra!” encerra o disco colocando em um mesmo balaio “Supersonic”, canção da banda inglesa Oasis, e riffs do Deep Purple.
Bom, novamente a banda se mostra como uma das grandes bandas independentes do estado do Rio de Janeiro, entregando um disco ótimo que não dá vontade de tirar do som. Então, coloque o disco pra rodar e tirem as crianças da sala, porque os Gametas estão de volta! Depois não digam que eu não avisei...
Contatos
- Integrantes: Paradise Von Drakulelvis (voz e guitarra), Iuri Escabroso (guitarra-solo), Diego Drugue (baixo e vocal), Rafael Bralha (bateria e vocal)
Site: http://www.myspace.com/gametas
MySpace: http://www.myspace.com/gametas
Facebook: http://www.orkut.com.br/Main#FullProfile?rl=pcb&uid=14545725238935707023
Twitter: http://twitter.com/gametas
E-Mail: [email protected]
Tels:
Entrevista
GM: Em primeiro lugar, quero dar os parabéns pelo trabalho, vocês são originais e tem um som que encanta qualquer um que curte o bom e velho Rock and Roll. Vejo uma grande influência de Glam Rock setentista e Jovem Guarda no som de vocês, é por aí mesmo? Em que tipo de som vocês se enquadram?
GAMETAS: É por aí mesmo. Pode incluir também a sujeira do grunge e a urgência do punk que chegamos a um acordo (risos). A proposta é dar uma descarga de energia na galera, se divertir e divertir ao máximo ... Surpeender ... Aí entram uns truques, o visual extravagante e toda a performance visceral.
GM: O disco de vocês está muito bem produzido, com efeitos e tal, essas músicas já foram concebidas com essas idéias todas, ou o processo foi amadurencendo ao longo da gravação do álbum?
GAMETAS: A maioria das músicas já nasceu do jeito que está no álbum, inclusive algumas já completaram uma década de existência e não tiveram mudanças significativas nesse tempo. Os efeitos também já estavam concebidos na cabeça do Paradise, foi só chegar no estúdio e escolher qual ferramenta daria melhor resultado, pouca coisa surgiu na hora, como por exemplo, a sirene no final de "Mulher Biônica" e o teclado no refrão de "Ela Fala Com Espíritos". Não podemos deixar de citar dois caras que suaram bastante pra fazer esse disco acontecer. Fábio Brasil, batera dos Detonautas, que produziu o álbum com o auxílio luxuoso de Roberto Lly, ex- Herva Doce. Os caras sabem tudo e fizeram um trabalho que nos deixou muito felizes mesmo.
GM: A banda já existe há algum tempo, agora vocês estão lançando o primeiro disco, anteriormente o som da banda já se encontrava nessa linha, ou seja, temas engraçados, eróticos, e às vezes fora do comum?
GAMETAS: Sim, a temática da banda sempre foi mais pro lado do inusitado, o som é que foi ganhando uma cara ao longo dos anos, com as constantes mudanças de músicos. No início, lá em 2000, era uma autêntica banda rockabilly e se chamava Claudio Paradise & Os Gametas, numa homenagem a Bill Halley & His Comets. De um ano e meio pra cá, com a formação estabilizada, conseguimos fechar o conceito sonoro da banda dentro dessas referências já citadas, o glam e o punk rock dos anos 70, o grunge dos 90 e por aí vai.
GM: Uma coisa que achei interessante foi o fato de a banda conseguir mandar temas engraçados, sem os tornar banais, o que julgo um grande desafio. Acredito que vocês foram muito bem nesse aspecto. Por parte da banda houve uma preocupação com isso?
GAMETAS: Temos bastante sorte das composições estarem nas mãos de um cara como o Paradise, elas já chegam prontas, só temos que encontrar a pegada certa pra música tomar forma. É claro que ele trabalha bastante em cima das letras até chegar a medida certa, mas é bem natural e espontâneo. A preocupação existe sim, se ele não achar legal nem mostra pro resto da banda.
GM: Como tem sido a recepção do álbum?
GAMETAS: A recepção? Ah, o pessoal tem recebido pelo correio, outros por email, outros recebem em mãos nos shows (risos) ...Ninguém nos insultou ainda, pelo contrário, elogiam e ainda pedem entrevista (risos), então acho que está sendo bem recebido. É muito bacana esse retorno. É claro que ainda está muito recente, o disco foi lançado a menos de um mês e estamos fazendo muitos shows pra levar adiante o trabalho. A resposta tem sido muito boa e ainda esperamos mais no decorrer dos próximos meses.
GM: Quais são as principais referências da banda?
GAMETAS: Bandas como Kiss, Ramones, Nirvana, The Cramps e Guns n Roses são importantes na formação de todos no grupo, não só pela sonoridade próxima, mas a performance e o visual deles causaram um grande impacto em todos nós e isso naturalmente acaba refletindo no que fazemos. O que você vai encontrar quando for nos ver é um show abusado, perigoso e inusitado, o que mostra um pouco de cada uma dessas influências.
GM: E os planos futuros?
GAMETAS: Tocar muito por aí, fazer o disco circular ao máximo e não parar de crescer. Esse é o nosso projeto de vida, empregamos todos os nossos esforços nisso e vamos aonde for preciso pra expandir as fronteiras da banda.
GM: Já houve algum tipo de censura com as letras da banda em algum show?
GAMETAS: Em relação a música não, mas o show é um pouco atrevido demais para alguns padrões de conduta (risos). Certa noite um cara, que por acaso era policial, ficou indignado com a nossa performance porque estávamos sem camisa e a esposa dele mostrava bastante empolgação na beira do palco. Aí já viu, né? O cara ficou indignado com a própria cornice e quis arrumar problemas, o show foi interrompido, um princípio de tumulto, ameaças, saímos de lá como fugitivos!
GM: Como vocês vêem a cena independente do Rio de Janeiro?
GAMETAS: O Rio de Janeiro não possui uma cena. Por mais que bandas legais apareçam, e elas continuam aparecendo a toda hora, uma cena não se faz só disso. Falta público e sobram exploradores, que abrem espaço pra bandas sem um mínimo de preparo em troca de dinheiro. É claro que o público vai fugir, ninguém quer pagar pra frequentar lugares toscos com bandas que ainda nem aprenderam a tocar seus instrumentos. Qualquer tentativa de se abrir um espaço honesto para quem tem o que mostrar esbarra nessa falta de interesse da galera. Mas não ficamos reclamando disso, botamos o pé na estrada, fazemos nossos próprios shows, arrumamos nossas soluções e vamos muito bem, obrigado, mesmo sem uma cena pra dar suporte. É claro que seria mais fácil pra todo mundo se a coisas fossem diferentes, mas não dá pra cruzar os braços e ficar esperando, então vamos procurando soluções, fazendo as coisas do nosso jeito.
GM: O Galeria Musical agradece a entrevista e deseja boa sorte para a banda!
GAMETAS: Nós é que agradecemos o espaço, o apoio, e aproveitamos pra desejar vida longa ao Galeria Musical. Parabéns pela iniciativa e pelo trabalho muito bem feito! Keep on Rockin!!