Resenha do Cd Butterfly / Hollies, The

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BUTTERFLY
HOLLIES, THE
1967

EMI MUSIC
Por Anderson Nascimento

O ano de 1967 marcou uma fase de intensa produção na carreira da banda inglesa The Hollies, já que o grupo lançou, além de meia dúzia de singles, dois álbuns em um intervalo de apenas cinco meses, sendo o primeiro “Evolution”, em junho, e “Butterfly” em novembro.

“Butterfly” é o sétimo disco do grupo e segue a tentativa de mudar o estilo musical da banda, lançando canções de cunho mais conceitual ao invés do habitual Pop que a banda sempre fez muito bem.

Altamente influenciado pela evolução sonora pela qual as bandas mais populares da época estavam passando, Nash tomou as rédeas da concepção do novo disco, liderando a guinada mais intensa que a banda já tinha dado desde então. Essa liderança de Nash fica ainda mais evidente porque este disco é também o álbum em que Nash mais vezes esteve à frente do microfone, já que Allan Clark sempre foi o principal vocalista do grupo.

O single “King Midas in Reverse”, lançado em setembro, antecipou a mudança ainda mais acentuada que estaria por vir em “Butterfly”. Tratava-se de uma ambiciosa canção de Graham Nash que acabou não surtindo o efeito esperado, tanto em relação à crítica e público, quanto dentro da própria banda. Enquanto Clark e Hicks queriam gravar canções de viés mais Pop, Nash sentia que a banda deveria mudar o seu estilo de som.

Como na Inglaterra nenhum single havia sido extraído dos dois últimos discos, a banda já acenava com a possibilidade de voltar ao seu estilo original. É de se imaginar que internamente o clima andava a ponto de ebulição. A situação piorou ainda mais quando a banda resolveu rejeitar uma nova música de Nash chamada “Marrakesh Express” – lançada posteriormente no novo grupo de Nash “Crosby, Stills & Nash” - e resolveu gravar um novo álbum apenas com versões de canções de Bob Dylan, que viria a se chamar “Hollies Sings Dylan” (1969).

Com canções apenas do trio Allan Clarke, Graham Nash e Tony Hicks, assim como já acontecera nos dois álbuns anteriores, o disco começa com a boa “Dear Eloise” e emenda na ótima “Away, Away, Away”, faixa cantada por Nash, que em algum momento chega a lembrar Beatles em seus arranjos. Nash prossegue nos vocais com “Maker”,uma das canções mais psicodélicas do grupo, que carrega cítaras e aquela pegada oriental que um certo grupo de Liverpool já vinha usando há algum tempo.

A sequência com “Pegasus” traz Tony Hicks assumindo os vocais solo, algo não muito comum na discografia da banda, em faixa interessante que fora adornada por relinchares de cavalo. “Would You Believe” é um dos melhores momentos do disco e, apesar de possuir arranjos densos, não foge tanto do estilo característico do grupo e, claro, traz Clark em vocalizações brilhantes. O mesmo ocorre em “Wishyouawish”, só que dessa vez temos Nash e Clark dividindo os vocais.

Se pensarmos no formato de lançamento original, ou seja, o LP, o lado A é a parte mais interessante do disco. Embora o lado B original abra com a boa “Postcard”, trazendo novamente Nash nos vocais, e agregue canções psicodélicas no nível de “Charlie and Fred”, “Try It” e “Elevated Observations?”, além da balada pop “Step Inside”. Encerra o disco a faixa que batiza o disco, mais uma canção escrita e cantada pelo principal idealizador do álbum.

Dadas todas as circunstâncias, “Butterfly” acabou sendo o último álbum do grupo a trazer Graham Nash como integrante do grupo. O próprio Nash chegou a dizer anos mais tarde que a sua saída se deu unicamente porque ele queria a partir daquele momento desempenhar apenas o papel de compositor, o que de fato não ocorreu.

Apesar do fracasso comercial do disco, o álbum acabou entrando para a história como um dos muitos lançamentos importantes realizados durante os anos psicodélicos que acabaram de alguma maneira influenciando praticamente todos os grupos de Pop/Rock da época.

Pouco mais de um ano após “Butterfly” ter chegado às lojas, a banda enfim lançou o projeto que já planejava realizar há algum tempo: “Hollies Sing Dylan”. A essa altura a banda já não contava mais com Graham Nash, que foi substituído pelo guitarrista Terry Sylvester.

Resenha Publicada em 10/10/2014





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