Resenha do Cd Eyes Open / Snowpatrol

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EYES OPEN
SNOWPATROL
2006


Por Ricardo Schott

O Snow Patrol teria tudo para ser confundida com qualquer outro grupo britânico choramingoso, graças ao seu passado - seus primeiros discos tiveram até participação de membros do ex-cultuado Belle & Sebastian e saíram pelo mesmo selo da banda de The Boy With The Arab Strap, o Jeepster. Pois é, isso aconteceu lá pelo fim da década passada, quando o Belle começava a chamar atenção na mídia - Songs For Polarbears, primeiro álbum do Snow Patrol, é de 1998. Hoje, se bobear, o Snow está bem mais aclamado e conhecido do que os amigos que o ajudaram no começo da carreira. Isso inclusive no Brasil, onde o grupo anda chamando a atenção.

Formado na Escócia por três irlandeses, o Snow Patrol vem conseguindo chegar bem mais perto do gosto popular do que seus patronos - a ponto de terem assinado contrato com a Fiction, mesmo selo do Cure, e de seus discos terem sido distribuídos pela multi Universal, que lançou no Brasil Eyes open. O grupo, hoje um quinteto com Gary Lightbody (vocais, guitarra), Paul Wilson (baixo), John Quinn (bateria), Tom Simpson (teclados e samplers) e Nathan Connolly (guitarra), vem bem mais comercial, mais ajuizado e mais "ajustado" ao mercado do que em discos anteriores - vale afirmar que o disco novo já foi logo ficando "íntimo" dos primeiros lugares das paradas britânicas.

Em comparação com The Final Straw, o disco anterior (também editado aqui pela mesma Universal - os anteriores saíram aqui pela Trama), Eyes open mantém o nível, trazendo de oitentices típicas - como a batidinha dançante de "You re all I have" e o som chique de "Shut your eyes" - a tons bem mais pesados, impressos nas guitarras e na batida insistente do power pop "Hands open". Entre uma face e a outra, há a elaboração das notas circulares de "Chasing cars", da quase infantil, com teclados cristalinos, "You could be happy" e da balada folk e "climática" "Set the fire to the third bar", com participação de Martha Wainwright, cantora que vem a ser irmã do cantor Rufus Wainwright . Esta, uma das mais belas de Eyes open, é também um dos momentos mais anos 60/70 do CD, e ficaria linda num arranjo repleto de cordas - o grupo preferiu revesti-la de teclados, embora várias faixas do grupo tenham participações de corais e músicos de orquestra.

Fica claro no disco novo, mais até do que nos anteriores, que o Snow Patrol já deu adeus há tempos a condição de banda underground - o crossover entre o som com o qual o público da banda já estava acostumado e a "nova condição" de grupo de sucesso já foi estabelecido há algum tempo. Se bem que para quem está acostumado com o som do Coldplay, vale afirmar que a banda de Chris Martin desponta como grande influência do Snow Patrol em vários momentos - seja na "etérea" (e meia-boca) "The finish line", que fecha o disco, seja no pianinho da boazinha "Make this go on forever". Agora, acusar o Snow Patrol de pouca originalidade por conta disso seria até maldade. Músicas ensolaradas como "Its beggining to get to me" merecem tocar nos bailes de rock da vida e chegar a ouvidos ligados em grupos novos. E o grupo tem uma de suas marcas nos vocais carismáticos e cheios de romantismo (no melhor sentido da palavra) de Gary Lightbody, que preeenche suas letras de imagens fortes, como em "Headlights on dark roads".

No fim das contas, Eyes open traz uma boa coleção de canções pop, revelando uma banda que descorbiu que ser comercial não é sinônimo de ser pentelho ou de abaixar a cabeça - e dando alegria a quem já os conhecia de outros tempos. Vale dar uma ouvida.

Resenha Publicada em 25/02/2010





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